quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sete argumentos para defender a poesia por entre o ruído


Sete argumentos para defender a poesia por entre o ruído. Também poderia ser: Sete argumentos para defender a utopia por entre os lugares comuns. Em ambos os casos, os argumentos são também cenários e atitudes. O silêncio, a origem, o intempestividade, a depuração, a lentidão, o jogo, a jovialidade. Há uma dependência mútua entre eles, e creio que servem para definir, hoje, tanto as coordenadas do facto poético como as pistas de uma certa rebeldia ou resistência.
O silêncio, em primeiro lugar, porque a poesia está essencialmente vinculada ao silêncio. Inclusivamente, num sentido anatómico. A poesia é um gotejo verbal que parte do silêncio, marca a fronteira do silêncio. É importante dizê-lo num momento em que nos movemos numa vertigem de ruído.

Rafael Argullol em Maldita perfección, escritos sobre el sacrifício y la celebración de la belleza, Acantilado, Barcelona, 2013.