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domingo, 29 de maio de 2011

Aves, palavras

Na maturidade de um texto imenso, vemo-las [as aves] sempre em formação, amadureceram como frutos, ou melhor como palavras: ao mesmo tempo seiva e substância original. E como se parecem com as palavras sob a sua carga mágica: nós de força e de acção, focos de relâmpagos e emanações, levando ao longe a iniciativa e a premonição.

Sobre a página branca de margens infinitas, o espaço que elas medem não é mais do que encantamento. São, como na métrica, quantidades silábicas. E procedendo, como as palavras, de longínqua ascendência, perdem, como as palavras, o sentido do limite da felicidade.

Saint-John Perse, Oiseaux, 1963 (excerto).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Fortuna

Fortuna dos que não morrem em vida. Dos que passam por dentro e pelo fundo da sua tristeza, e vão além. Dos que se contentam com o súbito pão das palavras. Dos que não causam dano nem semeiam culpa. Dos que poderiam apresentar-se limpamente diante de Deus.

António Osório, excerto de «O pão das palavras», Crónica da Fortuna, Quetzal, Lisboa, 1997. Reproduzido em A Luz Fraterna. Poesia Reunida, Assírio & Alvim, Lisboa, 2009.