Fortuna
Fortuna dos que não morrem em vida. Dos que passam por dentro e pelo fundo da sua tristeza, e vão além. Dos que se contentam com o súbito pão das palavras. Dos que não causam dano nem semeiam culpa. Dos que poderiam apresentar-se limpamente diante de Deus.
António Osório, excerto de «O pão das palavras», Crónica da Fortuna, Quetzal, Lisboa, 1997. Reproduzido em A Luz Fraterna. Poesia Reunida, Assírio & Alvim, Lisboa, 2009.