segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Da admirável ciência epistolar

«Uma das coisas que muito folgo de ver é uma carta de um meu amigo. Assim como um homem, depois de muito cansado e enfadado, se vai a um deleitoso jardim para se recrear, tomo na mão uma carta discreta de algum meu amigo, e entro por ela como por um fresco vergel e excelente pomar, onde vejo flores de eloquência e frutos de sentenças e palavras nascidas de amor, e significadoras de grande lealdade, que dão maravilhoso mantimento ao coração».
Depois de ter lido isto no meu Heitor Pinto, Diálogos 2.ª parte, mihi página 187, não pude deixar de perguntar-te como estás.
Eu, de mim, sinto-me tão desgraçado, tâo râncido, tão carcomido, que leio Heitor Pinto.
Abraço-te
C. Castelo Bco

carta não datada em Camilo Íntimo. Cartas inéditas de Camilo Castelo Branco ao Visconde de Ouguela, Clube do Autor, 2012, p. 341.