quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Pla, de novo!

A manifestação mais luminosa da consciência não é, talvez, pensar, nem sequer recordar, mas contar. Contar é compreender. Esta é a chave da lucidez do poeta. Numerar o bramido interno, surdo e terrível do mundo, isso é a música.

Josep Pla, «O Mestre Garreta», Viagem de Autocarro, trad. de Carlos Vaz Marques, Edições Tinta-da-China, Lisboa, 2011.

OBS.: Depois de ter saudado, aqui, o aparecimento em tradução portuguesa de O Caderno Cinzento, na Cotovia, não posso deixar de saudar com emoção mais uma tradução de uma obra de Josep Pla, desta vez Viagem de Autocarro, na Tinta-da-China. Pergunto-me a que corresponderá esta descoberta, que tardou tantos anos. A resposta mais óbvia é que ela corresponde ao gosto e a um particular entendimento dos respectivos editores sobre a valia de autores e livros, cuja principal característica é serem inconfundíveis. O que significa que ainda há editores que publicam o que gostam e que cuidam primorosamente dos livros que editam. São este tipo de editores e este género de livros, que só a alguns agradam, que acredito terem um futuro precioso.