segunda-feira, 6 de junho de 2011

Memórias Intactas

Sobre Ruben A. (excerto): o historiador abre caminho ao escritor com a publicação do primeiro volume de Páginas, a primeira das suas deambulações na primeira pessoa, testemunho do seu “inconformismo civilizado e limpo” (Luís Forjaz Trigueiros), prolongadas depois na autobiografia. Nelas se engendraria o novelista e romancista, que teve em Caranguejo o seu primeiro “exercício de arquitectura literária”. Tais exercícios, de evidente modernidade, apurar-se-iam na fantasia de O Outro Que Era Eu (1966) e no complexo polifónico de Silêncio para 4 (1973). Mas é em A Torre da Barbela (1964) que fantasia e polifonia se encontram com o seu «terrivelmente lúcido amor a Portugal» (id.), romance de singularíssimo recorte, inimitável e inimitado, alegoria surreal da História da nação portuguesa, escrito numa língua que sabe ser nova sem se arredar da antiga.