Dos livros - I
Não há quem não escreva e fale de livros, dos grandes e dos pequenos, dos mais badalados da semana, do mês, do ano, dos últimos dois anos e meio, até dos últimos, digamos, treze anos. Fala-se dos melhores, dos mais vendidos, dos que acabaram de sair — que são momentaneamente os melhores —, dos que estão para sair. Do mercado do livro, claro. Das feiras do livro e dos feirantes de livros. Do negócio dos livros. Dos espaços com livros. Das actividades à volta dos livros. Da crise do livro. Da fatalidade de o livro acabar. Da fatalidade de o livro não acabar. Da importância-cultural-social-e-económica-do-livro. Do marketing dos livros, senhoras e senhores, do marketing. Para não falar da revolução tecnológica, sim, no livro também, e na leitura igualmente.
Não há quem não use livros na lapela ou na sacola. Mas praticamente ninguém escreve ou fala sobre livros, sobre ler um livro. Sobre aquilo que fica dos livros que se lêem. Quem pega, hoje, num livro para ler por pura saudade? Aconteceu-me, não há muito, com a Léah, de José Rodrigues Miguéis. Que maravilha. Devo estar velho. Mas, também por isso, já leio livros há muito tempo.