quarta-feira, 14 de março de 2012

Never say never again

No início da década de noventa do século passado vivia-se em pleno a euforia do cd-rom e profetizava-se o desaparecimento do livro impresso para breve. Na edição de referência as movimentações foram grandes. Todos queriam posicionar-se num mercado que, depois, nunca chegou bem a existir. A Enciclopédia Britânica, em baixa de vendas da edição impressa, apostou na versão em cd-rom, que teve de colocar no mercado a um preço exorbitante. A coisa não correu bem, nada bem, e a Britânica em breve regressaria ao papel como produto de primeira linha. Ao mesmo tempo começava a experimentar o produto na internet. Diz-se que foi o departamento comercial que, na iminência de desaparecer, impôs a edição impressa e boicotou os outros suportes. Os jornais, como habitualmente, dizem apenas o que lhes disseram para dizer. A Wikipédia fazia alguma referência a estes factos, no seu artigo sobre a Britânica, até esta manhã. Quando lá voltei, à tarde, o texto estava refeito, essas referências tinham desaparecido (milagres digitais) e a euforia recai, agora, no anúncio de que a Britânica não mais terá edição impressa. Veremos. Passaram vinte anos, têm agora a experiência da difusão online paga.
Se tudo correr bem, a boa notícia é esta: tornou-se, aparentemente, possível a uma enciclopédia, isto é, a um corpo de «conteúdos» (é agora o que convém dizer) redigidos com critério, organizados, hierarquizados e legitimados, fornecido através de um serviço pago, sobreviver no confronto com a informação desorganizada, desproporcionada, em grande parte avulsa e susceptível de ser modificada ao sabor dos tempos, fornecida pelas fontes gratuitas e incertas que nos aparecem no topo das pesquisas dos motores de busca. Será?