sexta-feira, 2 de março de 2012

Como sabemos...

Como sabemos, todo livro se alimenta, com efeito, não apenas dos materiais que a vida lhe fornece, mas também e talvez sobretudo da marga espessa da literatura que a precedeu. Todos os livros empurram outros livros, e talvez o génio não seja outra coisa que um contributo de bactérias particulares, uma química individual delicada, um meio pelo qual um espírito novo absorve, transforma e, finalmente, restitui, sob uma forma inédita, não o mundo bruto, mas sim a imensa matéria literária que lhe préexiste.

Julien Gracq, «Porquoi la littérature respire mal», Préférences, José Corti, 1961.