sexta-feira, 15 de abril de 2011

A relação íntima

Os editores já não são leitores apaixonados, disse Michael Krüger, director da editora alemã Hanser, em entrevista ao El País. Uns ainda são, contra tudo e contra todos, outros desistiram de o ser, comidos ao pequeno-almoço pelas sumidades comerciais, outros nunca o foram e estaremos com sorte se forem simplesmente leitores. As excepções existem, claro. Mas as editoras estão cheias de gente que não tem qualquer relação íntima com os livros. Não falo de formação, hoje elevada e ilustríssima, falo de relação íntima. E isso nota-se quando os livros se folheiam, nas livrarias. Os erros e as falhas, muitas vezes imperceptíveis aos menos familiarizados com o assunto, acumulam-se, ou deixaram atrás de si um rasto de custos de remendo e remediação, porque os «editores» (há excepções, já o disse) não se ocupam das tarefas comezinhas da produção dos livros, o que se compreende, têm mais que fazer, sobretudo contemplar-se a si próprios, escrever nos blogues, actualizar o perfil no facebook (fakebook?), piar no twitter, almoçar e jantar, enfim, mil coisas que não deixam tempo para cuidar dos pormenores, tão ridículos, que são o sinal do amor aos livros.