quarta-feira, 9 de junho de 2010

António Manuel Couto Viana

Morreu António Manuel Couto Viana. Não chegou a receber o que, no mesmo dia, lhe enviei pelo correio. Afinal, o endereço ia errado. Mas, lá, onde estiver, há-de receber, como sempre, notícia do meu respeito e admiração.

Moimento

Puseram a bandeira a meia haste
E decretaram luto na cidade,
Responsos, coroas, círios — quanto baste
Para iludir a eternidade.

Teve o nome nas ruas, em moimentos:
«Nasceu — morreu — tantos de tal — Poeta.»
Houve discursos graves, longos, lentos...
— Venham todos os ventos
Do planeta!

Rasguem bandeiras, sequem flores; no céu
Se percam orações, paters e glórias
(Tudo isso é dor que não lhe pertenceu!);
Destruam as estátuas e as memórias;
Que os discursos inúteis vão dispersos...

— A homenagem a um Poeta que morreu
É decorar-lhe os versos!

António Manuel Couto Viana

(Viana do Castelo, 1923 - Lisboa, 2010)