domingo, 16 de maio de 2010

Onde o sabre desabrido

nova versão
de novo para a Magda

Uma serpente insinua dias
obsessivamente sucessivos
onde o sabre desabrido abriu a ferida.

Move-se entre as folhas,
ou são folhas apenas o que se move
sobre a terra de um jardim
fora do tempo?

Como se a ausência fosse
um corpo revestido de uma voz
apagada, revestida de outras
vozes, mudas
tantas vezes, e de risos
irresistíveis, e de árvores
entre cujas folhas caídas
se insinua uma serpente,
ou um murmúrio,
ou um anel de perfume,
um sol de açafrão ardente
ou a safra das tuas mãos
nas minhas, augúrio
que só eu reconheço.