segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fragmento

A madeira abandonada e ressequida das construções de praia, batida pelo sal dos ventos, rebentada em lanhos, lascada, mais enegrecida de uns anos para os outros. Nenhum mar. Dele chegam, porém, envoltas numa brisa triste, casas que me morreram. Cicatrizes de cal, tão frágeis quanto os meus caros enigmas. Ocres dissolutos. Manchas de pele alastrando em linhos de bordados desfeitos. A vida entre estranhos. Mesas e camas amontoadas num quarto de arrumações.

Fragmento de Tríptico (2007).