sexta-feira, 2 de abril de 2010

Stabat Mater

A poucos versos foi dada, velhíssimo Jacopone, tamanha fortuna. Tanta, que na travessia dos séculos se perderam do teu nome. Só tu sabes se foi, ou não, do teu coração úmbrio e franciscano que sangraram esses versos sobre os quais se ergue a música dos Desprez, Lassus, Palestrina, Charpentier, os dois Scarlatti, Pergolesi, Vivaldi, Bach, João Rodrigues Esteves, Haydn, Schubert, Rossini, Liszt, o próprio Verdi, Perosi, Poulenc, Pärt, dezenas mais. Dirão mesmo alguns que os teus versos, se são teus, sobreviveram pela arte de outros, mais notáveis músicos eles do que tu poeta. Mas ninguém negará que a música deles só pôde existir porque se alimentou do drama e da treva do teu poema, teu mesmo que não tenhas sido tu o seu autor: Stabat mater dolorosa/ juxta crucem lacrimosa/ dum pendebat Filius.