quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sorriso e melancolia

Compreende-se, desde logo, por que razão a melancolia é temperada pelo sorriso, em Itália, ao passo que é agravada por uma tensão dolorosa no Norte da Europa. Se A Melancolia de Dürer é desprovida da mais pequena ironia, que seria uma negatividade infinita, é porque a realidade opõe ao homem uma resistência demasiado grande para que ele possa, por sua vez, opor-lhe o sorriso da sua própria superioridade. Isso explica a inclinação do Renascimento italiano para a vida e a do Renascimento do Norte para a morte.

«"La Mélancolie" de Dürer» (1932), em Cioran, Solitude et destin, trad. Alain Paruit, col. Arcades, Gallimard, 2004.