sexta-feira, 9 de abril de 2010

Oficina

Eis a oficina: aqui
está o torno, mais além
o formão,
ferramenta de entalhe, inciso
entre vírgulas,
goivas de meia-cana;
ali a plaina implacável,
a enxó para o desbaste,
as vezes que for preciso;
o martelo resoluto
fixando o lugar do ponto,
ainda a lixa de amaciar
a frase,
até parecer um verso
terso, limpo de rebarbas;
eis toda a corte instrumental
de medir e aferir
cortar e perfurar:
oficina de poetas, mestres
no ofício de fazer
as próprias gavetas.

em Pequeno Guia de Materiais (plaquete de distribuição limitada, 2007).