de recordar as terras orvalhadas
de recordar as terras orvalhadas
a bondade dos campos cheios de trigo
é que se esquecem noites despenhadas
na podridão das coisas e os postigos
que dão para a confusão dos grandes trilhos
atalhos corredores encruzilhadas
cavernas resistentes já cansadas
herança nossa podre aos nossos filhos
de recordar as terras orvalhadas
é que se esquecem mortes tão diárias
e se dissolve a pedra das ciladas
João Rui de Sousa, Corpo Terrestre, col. Poetas de Hoje, Portugália, Lisboa, 1972.