terça-feira, 30 de março de 2010

Amor

Ele amava-a desesperadamente e em vão. Ama-se sempre desesperadamente quando é em vão! Um dia, ela sentiu-se muito, muito doente. Então disse-lhe:
— Tenho pena de ti. Quero que me vejas mais nua que nua!
E desenrolou uma grande folha de papel onde tinha sido impresso um raio-x.
— Oh, que esqueleto tão querido!, disse ele, deliciado.
— Mas, peço-te um grande favor, não vás mostrar isto ao Sr...; esse prazer, pelo menos, não quero dar àquele cão!

Peter Altenberg, Telegrams of the Soul. Selected Prose of Peter Altenberg, tradução de Peter Wortsman, Archipelago Books, Nova Iorque, 2005.