sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Não, não é só cansaço

Não, não é só cansaço, se a própria voz
recua, tarda e desplumada,
víscera infértil.

A voz em falta, a fala
flui, átona e interior,
inunda órgãos
internos, infiltra vasos
vitais, lateja
nas têmporas. Lacera,
presa
na pele do limite.

A lenta implosão dos sentidos
exaspera o zumbido
do vazio.

Como cerzir a voz
nesse cerne
de palavras sem face?

Este poema em memória de um Amigo desaparecido faz parte de um Tríptico, publicado, em 2007, numa plaquette distribuída por outros Amigos.