terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Da repetição e do irrepetível

Como recebeu ela Adão?
Despojou-o,
e o desflorou, ajudando?

Adão, brutal ou terno?
Acometeu, cervo
ou foi penetrante andorinha?

Arrancou de si
sementes, o coração
latindo, cão grato?

Felizes, torturantes,
aprendizes, falsos,
sortílegos, infames?

Inteiraram-se um no outro?
Desejaram a morte
de quantos séculos?

António Osório, Adão, Eva e o Mais, col. Musarum Officia, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 1983.