segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O poeta não é poeta só quando canta

O poeta não é poeta só quando canta, mas também quando perde o compasso. Quando o poeta perde o compasso já não pode medir os seus versos. E os versos ficam sem pés com que possam bailar. Não há baile de versos, poeta: o teu silêncio deixou sem cadência e sem ritmo a dança e a canção subtil. E o silêncio era tão profundo, que se via estremecer o pensamento, espada desnuda e ardente, guarda e signo da poesia, ou do Éden.

José Bergamín, em «Arte de temblar», El cohete y la estrella/ La cabeza a pájaros, Ediciones Cátedra, col. Letras Hispánicas, 2.ª ed., Madrid, 1984.