segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Memórias Intactas

Um frio de fim de Inverno, o trabalho prolongara-se, anoitecia. Tinha ainda algumas horas pela frente. Saí por uns momentos. Lá fora, ajudei uma senhora idosa a sair de uma evidente dificuldade e alcançar o outro lado da rua. A sua figura era incrivelmente frágil, dobrada sobre si mesma, esmagada. Durante a curta mas árdua travessia enlaçou a sua mão na minha. Verfiquei com surpresa que era macia, meiga, calorosa. Não me era estranha, aquela mão. Atravessada a rua, na esquina retomei o meu caminho e a senhora idosa seguiu o dela, arrastando os pequenos passos. Perturbou-me, então, o pensamento de que se voltasse atrás já não a avistaria, nem dela encontraria qualquer sinal. Embora conservasse ainda o calor da sua mão.