quarta-feira, 29 de junho de 2011

Edição e critérios

Critérios são sempre coisa que dá trabalho. Exige escolha e perseverança na escolha. Exige submissão e exame. Veja-se a edição: estamos a ler um livro e, por exemplo, apenas um exemplo, de súbito as personagens ora são tratadas por «a» Mary ou «o» Dick (– Está bem – respondeu a Mary, ou o Dick, ou o Sherlock, ou o Hamlet, ou o D. Sebastião...), ora são recatadamente referidas sem o determinante maçador. No mesmo livro, às vezes na mesma página. Já nem digo que uma das versões seja melhor do que a outra (embora eu seja tudo menos neutro nesta e noutras questões), mas ao menos que se opte (o editor, o tradutor e o revisor, se não de motu próprio, por orientação do editor) decididamente por um critério e se mantenha o dito do princípio ao fim. Se por mais nenhuma razão, por respeito pelos leitores ou, pelo menos, por uma ideia abstracta de «leitores» e não o leitor concreto para quem «tanto faz».