quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Memórias Intactas

Salamanca, casa-museu Miguel de Unamuno. A guardiã do templo mirou-me de alto a baixo. ríspida e inquisitiva. Acabou por me deixar entrar: o escritório, os livros, os livros, o quarto, os objectos, os livros. Manuscritos, cartas, fotografias. Oliveira Martins, Antero, Eça, Junqueiro. Porém, não senti ali o fantasma de don Miguel. No Paraninfo, salão nobre da Universidade, talvez fosse dele uma repentina sombra esguia. Na Plaza Mayor é que penso tê-lo vislumbrado, no ouro da tarde, mais nitidamente do que olhando o seu perfil agudo, vincado no bronze por Victorio Macho. Mas onde verdadeiramente o encontro é na experiência dilacerante do paradoxo.