segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Regresso ao diário de leitura

Depois uma pausa, mais ou menos forçada, regresso à leitura, aos textos e às anotações.
Neste período, não abandonei por completo a leitura do 2666, mas não avancei espectacularmente. Estou a terminar a quarta parte («La parte de los crímenes»).

Não direi, como o imperador austro-húngaro terá dito de uma composição de Mozart, numa frase frequentemente alvo de troça, que o romance de Bolaño tem palavras a mais, mas sem dúvida que não faz uso de uma «economia» narrativa. A narrativa, aliás, parece em constante expansão, transformando-se num manancial de histórias paralelas ou cruzadas, que se acumulam. Estratégia arcimboldiana por excelência, como desde o início me pareceu.

Este «modo narrativo» de Bolaño é simultaneamente uma estratégia e um «maneirismo», mas não um mero truque astucioso. A mim, que tenho especial gosto pela brevidade e pela tensão narrativa que ela exige, o processo parece por vezes excessivo e fastidioso. Porém, Bolaño é um escritor autêntico e faz-me andar por aqueles corredores cheios de bricabraque sem atirar nada ao chão.