segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Diário de leitura

Vale a pena fazer uma pesquisa no Google sobre Arcimboldo e escolhar as imagens maiores. Quando se aumentam, de modo a que no écrã caibam apenas pormenores, vemos com absoluta nitidez a acumulação de motivos vegetalistas ou animalistas, pintados em variedade exuberante (e, para mim, um pouco desgostante: eis um exemplo). É só quando temos a visão completa da pintura que compreendemos que a profusão de imagens diferentes é uma técnica de composição, cujo desenho só é acessível a uma certa distância.

Na leitura de 2666, ainda não estou próximo de estar à distância necessária. A leitura flui à maneira de Bolaño, e Bolaño é um bom narrador, mas, de episódio em episódio, não há muito espaço para reflexão.

A comunidade de leitores vizinhos acabou as férias. Sem ninguém por perto, em vez de livros, levamos vinho gelado e tostas guarnecidas para junto da piscina.

«- El exilio debe de ser algo terrible - dijo Norton, comprensiva.
- En realidad - dijo Amalfitano - ahora lo veo como un movimiento natural, algo que, a sua manera, contribuye a abolir el destino o lo que comúnmente se considera el destino.
- Pero el exilio - dijo Pelletier - está lleno de inconvenientes, de saltos y rupturas que más o menos se repiten y que dificultan culquier cosa importante que uno se proponga hacer.
- Ahí radica precisamente radica - dijo Amalfitano - la abolición del destino. Y perdonen otra vez.»