sábado, 3 de abril de 2010

O Leitor

«As coisas que Altenberg escreve, de algum modo já as sabemos!»
Porque ele escreve de uma forma que dá a impressão de que sempre as soubemos.
Mas é apenas por ele que sabemos que, de algum modo, sempre as soubemos!
Ficamos embaraçados perante nós próprios por tê-lo descortinado só agora, graças a esse excêntrico louco Altenberg!
Só existe uma saída:
«Para clamar que já se pensara aquilo, que já se sabia, há muito tempo, temos de dizer tudo pela boca fora?! Que Altenberg não regula bem, que tem a necessidade de esclarecer!»
Tenho mesmo?! Por mim tudo bem se os outros andam aos apalpões e encalham nas suas próprias tontices.

Peter Altenberg, Telegrams of the Soul. Selected Prose of Peter Altenberg, tradução de Peter Wortsman, Archipelago Books, Nova Iorque, 2005.